sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Projectos visionários ou utópicos?


De acordo com os últimos alarmes lançados pelo GIEC (Grupo Internacional na Evolução do Clima) o nível do oceano deverá crescer de 20 para 90 cm durante o século XXI. Países com pequenas áreas de costa como o Vietname e o Bangladesh poderão sofrer verdadeiras inundações e uma consequente perda de território terrestre e algumas ilhas Pacíficas poderão um dia acabar completamente submergidas.
É com fundamento nesta preocupação que o arquitecto belga Vincent Callebaut desenhou esta espécie de micro-cidades pensadas para alojar os futuros refugiados. É o verdadeiro "anfíbio", metade aquático, metade terrestre, capacitado para albergar 50.000 habitantes. Concebidas à imagem de um nenúfar estas plataformas flutuantes prevêem um programa multifuncional baseado em 3 marinas, 3 montanhas e um lago central que recolhe as águas da chuva e serve de reservatório natural, com zonas de trabalho, de comércio, de lazer e habitação, claro.
Estas micro-cidades, pensadas para 2100, serão autosuficientes e funcionarão essencialmente através de energias renováveis e ecológicas, usando a energia solar e o movimento das ondas para produção de electricidade.

Mais um projecto a pensar à frente...muito à frente, está a desenvolver-se uma nova geração de arquitectos que dão essencialmente uma maior ênfase à importância da ecologia tirando partido da crescente evolução tecnológica. Parece-me bem, acho um conceito interessante, primeiro, porque revela o modo como muitos arquitectos deveriam pensar, de forma dirigida para o futuro, com preocupações ecológicas e ambientais, segundo, porque pode servir de estímulo para novas ideias (em muitos casos os arquitectos concebem projectos baseados na arquitectura do passado). Contudo, parece-me um projecto um tanto ou quanto utópico e ao invés de se encontrarem soluções para o prenúncio de uma devastação anunciada deveria sim, assumir-se que o nosso planeta precisa que sejam tomadas medidas radicais fundamentadas num pensamento direccionado para a prevenção apriorística.
Por outro lado, parece-me um projecto que levantaria, sem dúvida, demasiadas questões, de entre as quais a viabilidade ou a inviabilidade da sua materialização, não só em termos construtivos (não desacreditando totalmente nas possibilidades da construção, quer de técnicas ou materiais), mas também em termos financeiros, ou outras questões tais como seria feito o tratamento dos resíduos sólidos, etc.

Contudo, não deixa de ser mais um projecto revelador de um pensamento inovador e acima de tudo que levanta toda uma série de questões e problemáticas que precisam de ser discutidas e equacionadas, e é assim que se faz inovação.

Estas e mais imagens aqui e em pixelab.
Mais informações no site oficial Vincent Callebaut Architectures.
Vale a pena ver também este vídeo relativo a uma entrevista realizada ao arquitecto João Luís Carrilho da Graça no programa "Falar Global" sobre "Arquitectura do Futuro", passado na SicNotícias no passado dia 3.

1 comentário:

João.Raimundo disse...

o projecto parece excelente, mas a resposta ao titulo apenas o tempo o dirá... ;)