A casa no Gerês, projectada pela dupla de arquitectos Graça Correia e Roberto Ragazzi, pretendia ser uma casa de fim de semana para um casal e filho, com suite para visitas, balneário com chuveiros, casa de banho e um armazém de apoio. Um programa que obedecia deste modo às pretensões dos clientes, praticantes de esqui aquático.
O principal desafio neste projecto seria mesmo o lugar, um terreno de acentuado declive situado no Parque Natural da Peneda Gerês, com o rio Cávado a fazer frente. Portanto, estaria condicionada à partida pelo facto de fazer parte de uma área protegida, onde nenhuma florestação deveria ser anulada e também pelo facto de a superfície da casa ser pequena, apenas 60% do terreno poderia ser impermeabilizado e daí se justificar o balanço da casa, permitindo assim um grande ganho na área habitacional, assumindo também um grande respeito pelo sítio.
"A superfície da casa era inevitavelmente pequena, condicionada pela ruína existente. Por este motivo os primeiros croquis da casa aparecem sempre dependendo da ruína...A primeira solução apresentada, apontava para uma delicada construção de madeira e aí surge uma nova condicionante por parte dos clientes - a casa deveria ser construída em betão, "porque os terrenos são muito húmidos, produzem-se derrocadas com as chuvas invernais, pelo que a casa deve ser muito resistente..." Contudo, apesar da utilização de um material mais "pesado", a casa apresenta um aspecto bastante leve e não choca de forma alguma com o ambiente envolvente.
De facto, o que realmente destaca esta casa e a faz distinguir da já típica "caixa minimalista" é sem dúvida o seu enquadramento e a forma como se relaciona com a sua envolvente. O volume que parece poisar de forma discreta e leve num declive acentuado estabelece uma forte relação de reciprocidade com a paisagem, se por um lado confere um grande potencial ao sítio, também a paisagem contribui para o grande potencial da habitação.
A forma como esta se integra no local parece querer unificar-se com a natureza, principalmente através das amplas vidraças que permitem uma fusão entre o interior e o exterior. A própria casa de banho que se abre totalmente para o exterior através da vidraça expõe esta relação máxima com o sítio.
Citação e mais informações em Plataforma Arquitectura.
2 comentários:
Olá P.!
Discordo de você quando dizes "amplas vidraças integram o interior e exterior"
Penso que pelo contrário.
A casa enquadra a paisagem, mas não está integrada a ela.
Pode ver que na sala te jantar tem um lindo quadro.
Acho que faltou uma palavra no teu discurso que é: contraste.
Pra mim a casa é um conteiner de concreto. De tanto peso, esse conteiner caiu de um helicóptero enquanto estava sendo içado há muitos anos. E ficou ali. Encalhado. Uma ruína redescoberta
Mas concordamos: ela é muito linda.
Felipe Botelho
oitocentoseoito.blogspot.com
Percebe que em toda a superfície lateral da casa há mais fechamento do que vidro.?
felipe
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