quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Paulo David prestigiado na 2G.


Paulo David, arquitecto madeirense, autor do Centro das Artes Casa das Mudas e das Piscinas do Atlântico, foi reconhecido no novo número da 2G. É o quarto arquitecto português a fazer parte das páginas desta revista internacional, já vimos no nº05 o arquitecto Eduardo Souto de Moura, no nº 28 Aires Mateus e no nº 45 Paulo Mendes da Rocha.
"São poucos os arquitectos que podem ver o seu nome ser capa da revista 2G, uma das mais prestigiadas publicações internacionais de arquitectura contemporânea. O processo de selecção é rigoroso e é feito através de candidatura".
De entre as obras referenciadas temos as Piscinas do Atlântico e passeio marítimo das Salinas em Câmara de Lobos (2002-2006) um projecto extraordinário pela forma como se integra e se molda à topografia do terreno, uma escarpa rochosa.
O sítio "resultado da estratificação vulcânica, negra e porosa" foi o verdadeiro desafio na integração do projecto. Um muro longo insinua um circuito ao longo do mar, o "caminho da trincheira" e uma plataforma em betão de vincada geometria contrapõe-se à organicidade da paisagem e evidencia a irregularidade natural do sítio.
Um conjunto de plataformas e edificado que utilizam a topografia do terreno como suporte e as panorâmicas sobre o mar como potenciais a explorar.
Emilio Tuñón, arquitecto espanhol, refere-se a Paulo David como "um arquitecto que explora na sua obra estratégias que se estruturam a partir da aceitação das limitações do meio e das restrições impostas pela força de um território agreste e uma natureza colonizada, catalizando uma poderosa arquitectura que explora o potencial das restrições fazendo com que cada problema concreto se converta numa oportunidade exemplar".
- SLIDESHOW de Fernando Guerra, a não perder.
- Quem quiser pode também dar uma vista de olhos ao número 47 da revista.
- Biografia do arquitecto Paulo David, no site da oasrn.
- Citações em Jornal da Madeira.pt.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Relação aberta com a paisagem. Casa no Gerês.





A casa no Gerês, projectada pela dupla de arquitectos Graça Correia e Roberto Ragazzi, pretendia ser uma casa de fim de semana para um casal e filho, com suite para visitas, balneário com chuveiros, casa de banho e um armazém de apoio. Um programa que obedecia deste modo às pretensões dos clientes, praticantes de esqui aquático.
O principal desafio neste projecto seria mesmo o lugar, um terreno de acentuado declive situado no Parque Natural da Peneda Gerês, com o rio Cávado a fazer frente. Portanto, estaria condicionada à partida pelo facto de fazer parte de uma área protegida, onde nenhuma florestação deveria ser anulada e também pelo facto de a superfície da casa ser pequena, apenas 60% do terreno poderia ser impermeabilizado e daí se justificar o balanço da casa, permitindo assim um grande ganho na área habitacional, assumindo também um grande respeito pelo sítio.
"A superfície da casa era inevitavelmente pequena, condicionada pela ruína existente. Por este motivo os primeiros croquis da casa aparecem sempre dependendo da ruína...A primeira solução apresentada, apontava para uma delicada construção de madeira e aí surge uma nova condicionante por parte dos clientes - a casa deveria ser construída em betão, "porque os terrenos são muito húmidos, produzem-se derrocadas com as chuvas invernais, pelo que a casa deve ser muito resistente..." Contudo, apesar da utilização de um material mais "pesado", a casa apresenta um aspecto bastante leve e não choca de forma alguma com o ambiente envolvente.
De facto, o que realmente destaca esta casa e a faz distinguir da já típica "caixa minimalista" é sem dúvida o seu enquadramento e a forma como se relaciona com a sua envolvente. O volume que parece poisar de forma discreta e leve num declive acentuado estabelece uma forte relação de reciprocidade com a paisagem, se por um lado confere um grande potencial ao sítio, também a paisagem contribui para o grande potencial da habitação.
A forma como esta se integra no local parece querer unificar-se com a natureza, principalmente através das amplas vidraças que permitem uma fusão entre o interior e o exterior. A própria casa de banho que se abre totalmente para o exterior através da vidraça expõe esta relação máxima com o sítio.
Citação e mais informações em Plataforma Arquitectura.