segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Prémio Pessoa 2008 para Carrilho da Graça.





Reconversão do mosteiro de Flor da Rosa, Crato, Portalegre.

Depois de uma semana completamente ausente do meu pequeno espaço virtual, cá estou eu, de volta ao meu blog. Embora já não seja notícia fresca porque já passou na sexta-feira passada não queria deixar de mencionar o facto de o Arqº João Luís Carrilho da Graça ter sido galardoado com o Prémio Pessoa 2008. "O Prémio Pessoa é uma iniciativa conjunta da Unisys e do Expresso, cuja primeira edição data de 1987. É um prémio concedido anualmente a pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período - e na sequência de uma actividade anterior - tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país" Este ano o prémio foi entregue ao arquitecto Carrilho da Graça, reconhecendo deste modo uma carreira de 30 anos onde se destacam principalmente, de entre as suas várias obras, o projecto para o Pavilhão do Conhecimento dos Mares em Lisboa e pelos projectos de recuperação de alguns edifícios patrimoniais como, o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa no Crato, o Convento de Jesus em Setúbal e o Convento de S. Francisco em Coimbra e em Macau a recuperação e a reconversão das ruínas de São Paulo em museu.
De acordo com o mencionado pelo presidente do júri "Carrilho da Graça tem desenvolvido, ao longo de 30 anos, uma actividade profissional com grande rigor e coerência, criando uma linguagem própria que adequa a cada situação específica". De facto, penso que esta é uma das características que melhor definem a forma como o arquitecto intervem, segundo uma filosofia baseada na especificidade de cada caso. Foi baseada no caso de Flor da Rosa que, no âmbito da minha prova final, estudei a forma como o arquitecto adaptou a pré-existência do antigo mosteiro ao novo conteúdo programático da pousada que hoje ocupa grande maioria dos seus espaços. É de notar a subtileza com que o arquitecto projectou o novo edifício anexo e complementar à pousada, de uma forma minimalista. Com uma expressão marcadamente horizontal, o baixo volume de dois pisos contrasta com a verticalidade da pré-existência e a sua linguagem assumidamente contemporânea, de planos lisos em betão pintado à cor branco contrasta com os densos volumes graníticos do mosteiro. Também a forma como intervem nos espaços pré-existentes do mosteiro denota um grande respeito pelo seu valor arquitectónico através da adaptação das novas funções da pousada e da introdução de novos elementos de forma minimal e assumidamente contemporânea, permitindo a leitura clara entre o antigo e o novo, assumindo a verdade do nosso tempo e a verdade da matéria pré-existente.

Foi com grande pena que não consegui a entrevista com o arquitecto, contudo as imensas publicações existentes tornaram possível estudar a sua obra (em geral e em particular o caso do mosteiro do Crato) e a sua forma de fazer arquitectura. É claro que a visita ao mosteiro foi fundamental para estabelecer um relacionamento físico com a sua arquitectura e desta forma estabelecer também uma melhor percepção do espaço e da natureza da intervenção.

Ficam algumas sugestões de leitura aos mais interessados, sobre reconversão em edifícios patrimoniais:
- FROIS, Virgínia, Conversas à volta dos conventos, Évora, Casa do Sul 2002.
- LOBO, Susana, Pousadas de Portugal: reflexos da arquitectura portuguesa do século XX, Coimbra 2006.

Monografia sobre o arquitecto João Luís Carrilho da Graça:
- ALBIERO, Roberta, João Luís Carrilho da Graça : opere e progetti, Electa 2006.

Fotografias relativas ao Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, Crato, Portalegre, da autoria de PdeCarvalho.

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