




Depois de uma semana completamente ausente do meu pequeno espaço virtual, cá estou eu, de volta ao meu blog. Embora já não seja notícia fresca porque já passou na sexta-feira passada não queria deixar de mencionar o facto de o Arqº João Luís Carrilho da Graça ter sido galardoado com o Prémio Pessoa 2008. "O Prémio Pessoa é uma iniciativa conjunta da Unisys e do Expresso, cuja primeira edição data de 1987. É um prémio concedido anualmente a pessoa de nacionalidade portuguesa que durante esse período - e na sequência de uma actividade anterior - tiver sido protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país" Este ano o prémio foi entregue ao arquitecto Carrilho da Graça, reconhecendo deste modo uma carreira de 30 anos onde se destacam principalmente, de entre as suas várias obras, o projecto para o Pavilhão do Conhecimento dos Mares em Lisboa e pelos projectos de recuperação de alguns edifícios patrimoniais como, o Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa no Crato, o Convento de Jesus em Setúbal e o Convento de S. Francisco em Coimbra e em Macau a recuperação e a reconversão das ruínas de São Paulo em museu.
De acordo com o mencionado pelo presidente do júri "Carrilho da Graça tem desenvolvido, ao longo de 30 anos, uma actividade profissional com grande rigor e coerência, criando uma linguagem própria que adequa a cada situação específica". De facto, penso que esta é uma das características que melhor definem a forma como o arquitecto intervem, segundo uma filosofia baseada na especificidade de cada caso. Foi baseada no caso de Flor da Rosa que, no âmbito da minha prova final, estudei a forma como o arquitecto adaptou a pré-existência do antigo mosteiro ao novo conteúdo programático da pousada que hoje ocupa grande maioria dos seus espaços. É de notar a subtileza com que o arquitecto projectou o novo edifício anexo e complementar à pousada, de uma forma minimalista. Com uma expressão marcadamente horizontal, o baixo volume de dois pisos contrasta com a verticalidade da pré-existência e a sua linguagem assumidamente contemporânea, de planos lisos em betão pintado à cor branco contrasta com os densos volumes graníticos do mosteiro. Também a forma como intervem nos espaços pré-existentes do mosteiro denota um grande respeito pelo seu valor arquitectónico através da adaptação das novas funções da pousada e da introdução de novos elementos de forma minimal e assumidamente contemporânea, permitindo a leitura clara entre o antigo e o novo, assumindo a verdade do nosso tempo e a verdade da matéria pré-existente.
Foi com grande pena que não consegui a entrevista com o arquitecto, contudo as imensas publicações existentes tornaram possível estudar a sua obra (em geral e em particular o caso do mosteiro do Crato) e a sua forma de fazer arquitectura. É claro que a visita ao mosteiro foi fundamental para estabelecer um relacionamento físico com a sua arquitectura e desta forma estabelecer também uma melhor percepção do espaço e da natureza da intervenção.
Ficam algumas sugestões de leitura aos mais interessados, sobre reconversão em edifícios patrimoniais:
- FROIS, Virgínia, Conversas à volta dos conventos, Évora, Casa do Sul 2002.
- LOBO, Susana, Pousadas de Portugal: reflexos da arquitectura portuguesa do século XX, Coimbra 2006.
Monografia sobre o arquitecto João Luís Carrilho da Graça:
- ALBIERO, Roberta, João Luís Carrilho da Graça : opere e progetti, Electa 2006.
Fotografias relativas ao Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, Crato, Portalegre, da autoria de PdeCarvalho.
Citações em JN 15.12.2008 e em http://www.premiopessoa.pt/
Sem comentários:
Enviar um comentário