Numa viagem realizada a Portalegre, este ano, no âmbito de um estudo que estive a desenvolver para a apresentação da minha tese final, passei por vários locais, de entre os quais, Montemor-o-Velho. Aqui, tive a opurtunidade de visitar o seu castelo e a intervenção realizada intra-muros, a casa de chá projectada pelo Arq.º João Mendes Ribeiro.
No interior das muralhas do castelo de Montemor-o-Velho habita discretamente a casa do chá, discreta na forma, discreta nos materiais e na forma como se relaciona com a pré-existência, de modo a perturbar de forma alguma o silêncio daquele espaço, preservando a sua essência.
De facto, uma visita importante tendo em conta o âmbito do trabalho que, englobava o estudo de alguns edifícios históricos que foram alvo de reconversão, explorando a capacidade ou a condição de adaptabilidade de cada edifício a um novo uso.
Na obra em questão é possível ver a aplicação prática de uma das questões que esta matéria da reutilização de pré-existências levanta e que, diz respeito ao conceito de autenticidade, princípio que está na base de uma ética de actuação sobre edificios patrimoniais.
Neste caso concreto é possível observar o respeito pela autenticidade da estrutura, nas técnicas construtivas, nos materiais empregues e no código linguístico de uma arquitectura contemporânea que assume a verdade do nosso tempo.
O volume destaca-se assumindo a sua contemporaneidade, contudo, tenta ser o mais discreto possível até na forma como se integra, quase que se funde para que de forma alguma retire o protagonismo à ruína pré-existente.
Isto é ser autêntico em arquitectura, isto é fazer poesia em forma de arquitectura.
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